segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Cabeça do Steve Jobs


Esse é o título do livro sobre um gênio vivo, o qual tive oportunidade de ler durante o período de festas no final do ano passado. Para quem ainda acha que video-game é coisa de criança, saiba que o criador da Apple veio da Atari, num período em que, tanto a indústria dos games quanto a dos computadores pessoais ainda estava tentando se consolidar. Assim como por trás da Nintendo existem mentes brilhantes, na Apple não é diferente, Steve Jobs ergueu uma marca que atrai fanáticos e fiéis consumidores de tecnologia de vanguarda ao redor do mundo, e eis algumas das lições que podemos tirar do seu trabalho:

1 - Foco
Como "dizer não" salvou a Apple. Logo a após a sua volta para a empresa que fundara, ele quebrou com todo o "sistema" existente, trocando completamente o alto escalão da empresa por velhos amigos e proeminentes profissionais de sua confiança. Acabou com praticamente toda a linha de produtos existentes, simplificando-a drasticamente e fortalecendo a marca. Uma vasta lista de mudanças se prepertou com a sua volta, e muito pouca coisa continuou como estava, incluindo os funcionários. Poucos continuaram na empresa, como foi o caso de Jonathan Ive (que posteriormente seria o criador do iPod).

2 - Despotismo
Com todo o poder em suas mãos ele chamou a equipe de designers do sistema operacional de idiotas e deu início a um processo minuncioso de aperfeiçoamento e simplificação do que viria a se tornar o OS X. Para Jobs não há detalhe pequeno demais. Ao longo de 18 meses, centenas de novos modelos de componentes gráficos foram feitos e refeitos, até que o resultado, fosse alcançado. Em suas próprias palavras:
"Os botões da tela ficaram tão bonitos que vocês terão vontade de lambê-los." [1]

3 - Perfeccionismo
Para Steve Jobs, design virou religião, e ele quer que nada passe desapercebido na experiência dos seus consumidores. Do design do computador à sua embalagem, da interface gráfica a usabilidade. Tudo faz parte de uma experiência única, pensada em cada detalhe pelo próprio criador e CEO da Apple. Parece improvável para um alto executivo, mas o Jobs em pessoa participa da formulação de cada elemento da experiência do cliente. Nesse sentido o design para Jobs tomou outro sentido: função ao invés de apenas forma.

4 - Elitismo
Poucas grandes empresas conseguem manter uma pequena equipe fazendo um grande trabalho, a Apple é uma delas. Graças a filosofia do seu criador de apenas contratar os melhores e montar times nota 10. Os melhores cérebros do mundo em suas respectivas áreas estão ou já passaram pela empresa da maçã. Muitos deles, assim como o clientes satisfeitos da marca, não têm a menor intenção de deixar a empresa. Apesar de terem um dos trabalhos mais desafiadores do mundo, recebem muitos incentivos da empresa para permanecerem por lá, além de, claro, conviverem com outras pessoas tão boas ou melhores que elas, tornando o ambiente extremamente estimulante.

5 - Paixão
A consciência de estar criando algo revolucionário e não apenas um computador ou dispositivo, consegue motivar os brilhantes engenheiros da Apple a trabalharem 90 horas por semana, e adorando. Muitos dos funcionários sinceramente acreditam que a companhia está deixando uma marquinha no universo. Jobs conseguiu insuflar em sua equipe uma paixão única pelo trabalho que realizam e, sem dúvida, esse é um dos elementos de seu sucesso.

6 - Espírito Inventivo
Sobre esse tópico eu vou deixar que o próprio Steve comente:
"A inovação não tem nada a ver com a quantidade de dólares que você investe em P&D. Quando a Apple lançou o Mac, a IBM estava gastando no mínimo cem vezes mais em P&D. Não é uma questão de dinheiro. É a equipe que você tem, sua motivação e o quanto você entende da coisa." [2]
Jobs simplesmente zomba da idéia de departamento e "budget" para P&D. Jobs não pensa: Vamos ser inovadores. Mas: vamos fazer excelentes produtos. Inovação está inerente a um processo de desenvolvimento e não confinado em um laboratório cheio de nerds.

7 - Controle Total
O que pode ter sido a causa do seu quase fim, é também hoje a razão do seu sucesso. Steve Jobs sempre gostou de ter o controle total sobre o hardware, software e os serviços da sua marca. Seja um desktop ou um laptop, iPod ou iPhone, hardware e sistema operacional, aplicativos ou iTunes, tudo está sob o controle e rígido padrão de qualidade dele e de sua equipe. Esta é filosofia por trás da estratégia de tornar dispositivos complexos em produtos adequados as massas, também chamada atualmente de integração vertical. Os concorrentes da Apple estão começando a compreender os benefícios dessa integração vertical como é caso da Nokia, Real Networks, Sandisk, Sony e Microsoft, só para citar algumas.

Até a próxima!
[]'s
Zz.

Referências:
[1] - Steve Jobs, sobre a interface de usuário do Mac OS X, Fortune, 24 de janeiro de 2000
[2] - Steve Jobs, na Fortune, 9 de novembro de 1998